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Os Correios anunciaram nesta quarta-feira (15) que estão em fase de negociação com bancos para a contratação de um empréstimo de R$ 20 bilhões, como parte do plano de reestruturação financeira da estatal. O objetivo é recuperar a liquidez e equilibrar as contas, que vêm sendo pressionadas desde 2024.
O anúncio foi feito pelo presidente da empresa, Emmanoel Schmidt Rondon, que assumiu o cargo há menos de um mês. Segundo ele, o contrato ainda está em fase de negociação. “A gente precisa recuperar a liquidez da empresa para que a gente possa, por exemplo, ter capacidade de pagar o Plano de Demissão Voluntária (PDV). Estamos fazendo uma operação com bancos para a realização de uma tomada de recursos”, explicou.
Prejuízos e queda no caixa
Os resultados financeiros da estatal revelam uma deterioração significativa nas contas. No primeiro semestre de 2025, os Correios registraram prejuízo de R$ 4,3 bilhões, contra R$ 1,3 bilhão no mesmo período de 2024.
Em 2024, a empresa já havia utilizado R$ 2,9 bilhões dos recursos disponíveis em caixa e aplicações financeiras, o que representou 92% de todo o montante aplicado em 2023. Para tentar aliviar o fluxo de caixa, a antiga gestão, sob comando de Fabiano Souza, contratou um empréstimo emergencial de R$ 1,8 bilhão, mas o aporte não foi suficiente para estabilizar as operações.
Impactos operacionais e atrasos
A escassez de recursos vem afetando diretamente a operação da estatal. Desde o início de 2025, os Correios atrasaram repasses e pagamentos a fornecedores, parceiros e prestadores de serviço. Transportadoras terceirizadas reduziram o ritmo de trabalho, o que tem causado atrasos no envio e entrega de encomendas em todo o país.
O problema também atingiu as agências conveniadas, que enfrentaram atrasos no repasse de comissões, e o plano de saúde dos funcionários, que teve repasses suspensos, levando algumas redes hospitalares a interromper o atendimento aos beneficiários.
Em nota, a empresa reconheceu que vem realizando pagamentos de forma seletiva, conforme a disponibilidade de caixa. “A companhia não está conseguindo cumprir todos os compromissos financeiros conforme o acordo firmado, mas conforme disponibilidades financeiras”, consta em trecho das demonstrações contábeis.
Reestruturação e novos desafios
O presidente Emmanoel Rondon admitiu que a crise foi agravada pela falta de adaptação dos Correios ao novo cenário do mercado logístico e digital. “A nossa empresa não se adaptou de uma forma ágil a uma nova realidade, e essa falta de adaptação fez com que a gente sofresse no resultado, com falta de caixa”, declarou.
A expectativa é que o empréstimo de R$ 20 bilhões sirva como um alívio temporário, permitindo à empresa cumprir obrigações imediatas e financiar parte da reestruturação operacional, enquanto o governo federal e a diretoria da estatal definem medidas de longo prazo para garantir a sustentabilidade do serviço postal brasileiro.
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