Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Apesar do cenário geopolítico desafiador, o Brasil deve reforçar sua liderança na transição energética global ao defender o uso de biocombustíveis — como biodiesel e etanol — como alternativa sustentável para o transporte marítimo durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30).
A proposta brasileira ganha destaque em meio ao impasse na Organização Marítima Internacional (IMO), que decidiu adiar a definição do Marco Net-Zero de emissões de gases de efeito estufa (GEE) após falta de consenso entre os Estados-membros. A decisão ocorreu em 17 de outubro, quando os Estados Unidos se opuseram ao que classificaram como um “imposto global sobre o carbono”.
O plano da IMO previa dois pilares principais: um padrão global de combustível e um mecanismo de precificação de emissões, com implementação gradual a partir de 2027. As discussões, contudo, permanecem travadas e devem ser retomadas nos próximos 12 meses.
Brasil aposta em biodiesel e etanol como solução viável
A representação brasileira na IMO tem defendido que os biocombustíveis são soluções imediatas e compatíveis com a infraestrutura atual, já que podem ser usados em motores marítimos “drop-in”, sem necessidade de grandes adaptações.
Segundo o Ministério de Minas e Energia (MME), essa abordagem pode garantir uma transição mais rápida e de menor custo, fortalecendo a posição do país como fornecedor global de energia limpa.
O tema vem sendo levado pelo Brasil a fóruns internacionais como o G20, os Brics e a Pré-COP, como exemplo de inovação sustentável e economicamente viável.
Por outro lado, há resistência da União Europeia, que aposta em alternativas como amônia verde, hidrogênio e metanol como substitutos do bunker, combustível fóssil mais usado na navegação mundial.
Impasse reflete disputa geopolítica
Para Camilo Adas, diretor de Transição Energética e Relações Institucionais da Be8 — empresa do Grupo ECB e líder nacional em biodiesel —, o impasse dentro da IMO reflete interesses geopolíticos divergentes.
“A IMO sofre influências claras, com a Europa moldando regulações e criando entraves iniciais para o avanço dos biocombustíveis”, afirmou.
Especialistas destacam que a COP30, que será sediada no Brasil em 2025, deve consolidar o país como porta-voz das nações em desenvolvimento na agenda de descarbonização global.
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