
Foto: Yara Nardi/Reuters
Durante as meditações da Sexta-feira Santa, o papa Francisco lançou duras críticas às estruturas econômicas atuais, classificando-as como “economias desumanas, feitas de cálculos, lógicas frias e interesses implacáveis”. A mensagem foi lida durante a tradicional Via-Sacra no Coliseu, em Roma, presidida pelo cardeal Baldo Reina, já que o pontífice segue com a saúde debilitada e optou por não comparecer pessoalmente.
No texto, Francisco destacou o contraste entre o sistema atual e o que ele chamou de “economia de Deus“, afirmando que “em um mundo de algoritmos, a economia de Deus não descarta, mas repara”. Ele reforçou que a cruz de Cristo representa uma ruptura com a lógica da exclusão: “derruba os muros, cancela as dívidas e estabelece a reconciliação”.
A cerimônia deste ano foi marcada por uma forte crítica social, refletindo sobre a necessidade de transformação pessoal e coletiva. “A lógica de Deus não esmaga nem mata, mas cultiva, protege e repara”, escreveu o papa, sugerindo que a mudança começa na responsabilidade e na permanência nos vínculos assumidos.
Francisco também lamentou o “fôlego curto da sociedade atual diante das responsabilidades” e apontou o egoísmo e a indiferença como pesos que aprisionam o ser humano. Para ele, é preciso rejeitar a “lógica do descarte” e assumir o compromisso com a justiça, a compaixão e o cuidado mútuo.
A Via-Sacra, segundo o Vaticano, simboliza o caminho de descida feito por Jesus em direção à humanidade, e, nesta edição, trouxe reflexões que desafiam não apenas o indivíduo, mas também os sistemas sociais e econômicos do mundo contemporâneo.
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